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Caixa Acústica Devore Fidelity Gibbon 88 - Review Clube do Áudio

1 de dezembro de 2022 – Reviews

Fernando Andrette.

Caixa Acústica Devore Fidelity Gibbon 88.

Como escrevi no teste da bookshelf DeVore Fidelity Gibbon 3XL, na edição nº 238 de Março último, John DeVore é um músico que também trabalhou algum tempo como revendedor de produtos de áudio hi-end no Brooklyn, em Nova York, e com o pé nessas duas pontas foi cri-ando, em sua mente, o que seria para ele as caixas ideais para reproduzir música com quali-dade e prazer.

Ele não buscou formas de melhorar o ‘calcanhar de Aquiles’ (a macro-dinâmica) na reprodu-ção eletrônica. E nem tampouco se tornou obcecado em atingir uma transparência capaz de sentirmos o hálito da cantora em nosso rosto. Então, ao se aventurar em construir caixas hi-end para um público tão exigente e eclético em seus gostos e expectativas, John se concen-trou em focar em uma apresentação que realmente levasse o ouvinte a se aproximar da ex-periência da música ao vivo (com as limitações físicas de qualquer caixa acústica), mas o colocando o mais próximo possível do evento musical.

Antes que me atirem pedras, afirmando que é isso que todo fabricante de caixa hi-end pro-mete, só gostaria de lembrar aos mais exaltados que há uma enorme distância entre o desejo e a concretização. Então, na minha humilde opinião de testador de equipamentos de áudio, digo que alguns conseguem, outros não. E mesmo aqueles que não conseguem chegar tão próximo deste objetivo, possuem sua legião de admiradores e fieis súditos prontos a defen-der sua marca de preferência até a morte.

Meu papel é outro. Apenas posso descrever como determinado produto em uma sala ade-quada, com elétrica adequada, e ligado a um sistema de referência, se comporta quando avaliado através de uma Metodologia e com a audição dos mesmos discos para a observação de cada quesito, para todos os equipamentos testados. E publicar essas observações mês a mês aqui, para todos os interessados ou apaixonados por esse hobby. Que apesar do nosso desgoverno e de todas as nossas crises, continua crescendo e ganhando a cada dia mais e mais melômanos e audiófilos.

Como também escrevi no teste da bookshelf DeVore, a assinatura sônica das caixas que ouvi soam muito parecidas tanto em termos de equilíbrio tonal, como na apresentação do acontecimento musical (organização do evento à nossa frente). A 88 (permitam-me abreviar), é uma imponente coluna, porém sem ser invasiva ao ambiente, já que ela foi desenvolvida para tocar em salas entre 12 e 20 m².

A caixa enviada para teste possui um acabamento muito bonito, em bambu cereja, casando perfeitamente com ambientes mais clássicos ou modernos. John é um perfeccionista, ainda que não assuma essa característica - os detalhes em todos os seus produtos são extremos, começando pelo desenvolvimento dos gabinetes que são rígidos, mas não tão rígidos como os gabinetes de alumínio tão em alta no hi-end. Pois para ele os gabinetes também precisam soar com os falantes (como a caixa de um instrumento musical).

Toda a fiação interna foi minuciosamente estudada, tanto na escolha do material como na bitola e comprimento dos cabos. Os componentes do crossover não foram escolhidos por especificação técnica apenas, mas também pela sinergia com os falantes. E por falar em falantes, o mid-woofer da 88 é um falante de 7 polegadas, de cone de papel, e o tweeter é de cúpula de tecido de apenas 0,75 polegadas

Para uma coluna de duas vias, a cubagem do gabinete parece, em uma avaliação visual, des-proporcional, porém ao escutarmos a 88, entendemos perfeitamente o objetivo de John ao utilizar um gabinete com essas dimensões para uma coluna de duas vias.

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Interessante é que os tweeters estão colocados abaixo do falante de médio-grave e devem ser posicionados para fora (na borda externa do gabinete). Colocar na posição correta fará toda a diferença na performance da caixa.

Outro detalhe fundamental é que a frente da caixa deve estar ligeiramente mais alta que a parte de trás. Para que o usuário siga corretamente as instruções, o fabricante apresenta em seu manual um passo a passo de como deve ser o procedimento de ajuste na sala de audição.

Sua sensibilidade é de 90.5 dB - algo bastante amigável com a maioria dos amplificadores existentes no mercado. Sua sensibilidade também não comprometerá nenhum amplificador (mínimo de 4 Ohms).

Escaldado pela longa queima da bookshelf, quando o Fernando Kawabe me disse que poderia ceder a 88 de um cliente, que estava reformando sua sala de audição, com mais de 1500 horas de uso, agradeci prontamente, pois colocar as caixas diretamente em teste soa como música aos meus ouvidos!

E assim foi feito.

Para o teste tínhamos um arsenal de eletrônicos. Três powers: Hegel H30, CH Precision M1 e Emotiva XPA One. Três integrados: Sunrise Lab V8 MkIV, Hegel H190 e Roksan K3 (leia teste na edição 241). Três fontes digitais: dCS Scarlatti, Hegel HD30 e CH Precision C1 (leia teste 1 na edição 241). Cabos de caixa: Sunrise Lab Quintessence e Transparent Audio Reference XL MM2.

Para a caixa zerada o fabricante fala em pelo menos 200 horas de queima (vi relatos em fóruns internacionais de 1000 horas!). Então é preciso paciência e segurar o ímpeto de mostrar o ‘brinquedo novo’ aos amigos antes de sua queima total! A enviada para teste estava há duas semanas embalada, então fizemos o procedimento normal de realizar uma primeira audição, deixar amaciando por 24 horas e depois iniciar os testes.

A 88 é muita crítica com o posicionamento. Para um perfeito soundstage, será preciso descobrir o melhor posicionamento, primeiro em relação às paredes, para depois realizar o ajuste fino em relação ao ângulo de altura da frente do gabinete e a distância entre as caixas. Ela não gosta e nem precisa de toe-in acentuado. Na nossa sala de teste elas ficaram a 1,86 m da parede às costas das caixas, 1,50 m das paredes laterais e 3,40 m entre as caixas (do centro do cone do falante de médio-grave).

Em relação ao ângulo referente aos spikes, foi preciso aumentar no limite a frente e deixar o máximo possível os spikes traseiros rebaixados. E menos de 10 graus de toe-in nas caixas voltadas para a posição do ouvinte.

A 88 tem uma assinatura sônica muito similar à bookshelf, porém com mais corpo e maior extensão nos graves. Sua maior qualidade é proporcionar ao ouvinte uma audição convincente em termos de coerência tonal, inteligibilidade e conforto auditivo, sem jamais enfatizar uma característica em detrimento da outra. Independente do estilo musical ou da qualidade técnica da gravação.

caixa-acústica-devore-fidelity-gibbon-88A 88 o convida para interagir de maneira privilegiada, como se estivéssemos realmente em uma sala imaginaria, junto com os músicos. Os planos de uma orquestra sinfônica são apresentados com enorme folga e com foco e recorte irretocáveis! Tanto em termos de largura como de profundidade.

É muito comum em caixas com pouca dispersão lateral os metais pularem ‘para a frente’ e se misturarem com os cellos e contrabaixos. Esse problema só ocorrera na DeVore 88 por erro na captação da sala em gravações do selo Reference Recordings os planos são absolutamente soberbos!

Com essa qualidade tão detalhada, observar o tamanho das salas de gravações, e seus rebatimentos, é uma das experiências mais incríveis que o ouvinte pode se deleitar com as Gibbon 88. O mesmo se procede com pequenos grupos musicais, ou gravações de grupos menores em salas menores. Você é imediatamente ‘tele-transportado’ para o local em que a gravação foi feita.

John DeVore fez, na minha opinião, uma belíssima escolha, fugindo de buscar a grandiosidade ou a transparência absoluta, apresentada pela perspectiva do microfone. Com isso o ouvinte consegue ouvir seus discos com zero de fadiga auditiva pelo tempo que desejar ou puder. 

Outro fabricante que se pauta também por essa mesma filosofia, que eu conheça, só a Boenicke. Pelo que sei, não existem muitos fabricantes de caixas acústicas navegando por esse mar. O que lhe dá uma enorme vantagem, caso essa tendência venha a crescer nos próximos anos. 

Li em alguns testes internacionais alguns articulistas afirmando não ser a 88 uma caixa para determinados gêneros musicais, como rock, por exemplo. Outros dizem que as caixas DeVore são ideais apenas para amplificadores valvulados. Não foram essas as conclusões a que cheguei.

Ouvi absolutamente todos os gêneros e todos os amplificadores que utilizamos eram transistorizados, e a 88 se comportou magistralmente. Não houve nenhuma incompatibilidade com nenhum dos equipamentos utilizados e, guardado as devidas dimensões das caixas, pa-ra ambientes de até 20m², e com os volumes corretos, ouvimos de Megadeth à Ben Harper. E com nenhum gênero musical a 88 se sentiu acuada ou negou fogo.

Claro que toda caixa acústica que entra no campo de interesse do consumidor deverá ser ouvida e avaliada em todos os seus pontos positivos e limitações. A DeVore Fidelity Gibbon 88 é uma coluna com muitos pontos positivos em termos de performance, compatibilidade e custo, e com algumas limitações.

Começo pelas suas limitações: não é uma caixa para quem gosta de sentar a pua no volume e muito menos para aqueles que desejam extrair o sumo do sumo em micro-dinâmica. Também pode ser que, para muitos dos iniciantes, sua apresentação do acontecimento musical não cause nenhum grande impacto!

Áudio.

Agora, falando de suas qualidades: comecemos pela sensibilidade, que é bastante convenien-te tanto para os amantes de válvulas como transistor. E sua coerência e organização do acontecimento musical permitem colocar o ouvinte em posição privilegiada para ouvir seus discos preferidos. E sua ausência de fadiga auditiva, mesmo em longas horas de audição.

Bato na tecla da ausência de fadiga, pois em salas pequenas colunas podem ser um problema devido à proximidade com o ouvinte. E conseguirmos uma caixa que consiga contornar esse problema com maestria é uma grande notícia!

Conclusão.

Poderia sintetizar esse teste dizendo ser a Devore Fidelity Gibbon 88 uma extensão da Bookshelf, com maior extensão nos graves, mais corpo e com maior deslocamento de ar e energia. Porém ela é um pouco mais, pois permite em música mais complexa, como obras clássicas ou grandes grupos como big bands, audições com um volume mais alto que a bookshelf. E isso eu sei que faz uma enorme diferença para inúmeros de nossos leitores que buscam uma caixa Estado da Arte definitiva.

Eu recomendo a Devore Fidelity Gibbon 88 com enorme entusiasmo a todos que possuem uma sala com dimensões de reduzidas à moderadas, e não abrem mão de escutar seus discos, mesmo que tecnicamente não sejam nenhum primor.

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ref. Clube do Áudio.
Edição 248.
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