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Caixa Acústica Wharfedale Evo 4.4 - Review Clube do Áudio

20 de outubro de 2022 – Reviews

Fernando Andrette.

Caixa Acústica Wharfedale Evo 4.4.

A cada caixa Wharfedale que recebemos para teste, temos uma sonora surpresa!

E quando pensamos na relação custo/performance de todas as séries que avaliamos até o momento (Diamond, Heritage e Elysium), fica muito nítido que esse fabricante com 90 anos de mercado quer continuar a ser reconhecido pelo seu grau de expertise e capacidade de produzir caixas acústicas altamente competitivas, e com uma relação custo/performance de alto nível.

A série EVO herdou muita tecnologia da série Elysium, como por exemplo o tweeter AMT, os dois falantes de grave de tecido duplo, o duto bass-reflex com saída controlada para baixo, para um maior controle de graves, e um gabinete baseado também na série top de linha.

O modelo EVO 4.4 é o top dessa série, e ainda que seja uma caixa com 23 kg, mais de 1 metro de altura, 25 cm de largura e 35 cm de profundidade, é uma caixa que não se torna imponente, ainda que esteja em salas de 15 metros quadrados.

O que chama a atenção é seu acabamento e a qualidade final dos quatro falantes. O fato do gabinete ser curvado, o deixa muito mais slim do que na verdade é. O gabinete da série EVO tem muito da série Elysium, como as camadas que misturam aglomerado macio e camadas mais rígidas de MDF.

Esse composto tem como objetivo cancelar ressonâncias, e melhorar o efeito da transferên-cia de ressonância de uma parede para a outra, internamente. Para isso se usa o recurso de colocar nas paredes suportes estrategicamente estudados para eliminação disso, sem secar demais o gabinete.

Para drenar a energia de baixa frequência, o duto fica na base do gabinete e, para isso, foi criado um suporte especial que separa o gabinete dessa base apenas por alguns centímetros, mas o suficiente, segundo o fabricante, para permitir que as baixas frequências respirem sem o efeito sopro existente em muitos projetos que utilizam dutos na frente ou nas costas das caixas.

A unidade de agudos AMT de 30 x 60 mm, utiliza uma maneira radicalmente distinta de mover o ar, quando comparada com um tweeter de domo. Um diafragma grande e leve plissado é acionado em sua superfície por fileiras de ímãs estrategicamente posicionados. Com isso o diafragma está sempre alinhado e, como resultado, permite uma ampla largura de banda e de fase, com muito baixa distorção.

Para trabalhar em conjunto com o tweeter AMT, os engenheiros desenvolveram um driver de médio de domo macio de 2 polegadas, muito leve, rápido e também com ampla largura de banda, graças a uma câmara traseira amortecida. Esse arranjo criativo permite que esse falante de médios trabalhe de 800 Hz a 5 kHz.

Essa solução foi usada para permitir que o conjunto médio de domo macio e tweeter AMT sejam eficientes para uma maior precisão, rapidez na resposta de transientes e ampla dispersão, sem perda de detalhes, mesmo se você estiver muito fora do sweetspot (ponto ideal de audição).

Os dois falantes de graves da EVO 4.4, de 6.5 polegadas, são equipados com cones duplos de kevlar com uma borda de borracha de baixa perda, proporcionando uma resposta de ampla largura de banda com uma resposta de graves precisos e poderosos, e uma resposta de médios-graves ultra linear.

O crossover utiliza capacitores de polipropileno de alta qualidade, e indutores laminados de silício-ferro e núcleo-ar, utilizados para evitar interferência eletromagnética em uma placa de circuito modelada por computador para ajustar e garantir a resposta mais linear possí-vel, sem vales ou picos entre os falantes.

Segundo o fabricante, todo esse cuidado e esforço no desenvolvimento do projeto resultou em uma sensibilidade de 89 dB, 8 ohms de impedância e resposta de 44 Hz a 22 kHz, com cortes no crossover em 1.4 kHz e 4.7 kHz.

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Amplificadores integrados Krell K-300i, Sunrise Lab V8 Edição de Aniversário, e o valvulado Willsenton R8 (leia Teste 1 nesta edição). Os cabos de caixa foram Virtual Reality Trançado, e o Dynamique Audio Apex.
Fontes digitais: Streamer Innuos ZENmini Mk3, dCS Bartok, e transporte Nagra com TUBE DAC Nagra. Fonte analógica: toca-discos Thorens TD 1610 e Origin Live Sovereign com braço Enterprise C, e cápsula ZYX Ultimate Astro G. Cabos digitais: Crystal Cable AES/
EBU Absolute Dream, e Dynamique Audio Apex (leia teste na edição de novembro de 2022). Cabos de interconexão: Sunrise Lab Quintessence Edição de Aniversário (RCA e XLR), Dynamique Apex (XLR) e Kimber Kable Carbon.

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A caixa veio com apenas 40 horas de amaciamento, então fizemos apenas aquela rápida primeira impressão, com os discos da CAVI, e a colocamos para amaciar junto com o R8, que também chegou praticamente zerado.

Com 100 horas voltamos a escutar primeiro com o integrado da Krell, que estava se despedindo e indo para o seu felizardo dono, e pudemos perceber o quanto a Evo 4.4 se adapta a diferentes topologias e assinaturas sônicas tão distintas, como do Krell, do V8 e do R8.

E isso é altamente positivo, pois compatibilidade é algo que preocupa muito os nossos leitores que não conseguem ouvir antes de definir a compra.

Pois por mais que a lei do consumidor permita a desistência, todos que já passaram por esse ‘perrengue’ de ouvir uma caixa que não casou com sua eletrônica, sabem o que significa reembalar uma caixa acústica e despachar novamente o produto. Ninguém deseja passar por isso, então um dos itens essenciais hoje é o nível de compatibilidade de uma caixa com diversas topologias. E nesse quesito a EVO 4.4 é matadora!

Ainda que com 100 horas os agudos tenham se estendido o suficiente até para observarmos a ambiência das gravações, os graves pareciam ainda estar com o freio de mão puxado.

Sabe como sabemos que falta amaciamento nos graves? Quando ouvimos dois instrumentos tocando em frequências próximas, como por exemplo 60 Hz e 80 Hz, e ainda assim temos dificuldade de entender quem é quem. Existem várias gravações para nos ajudar a saber, mas eu indico gravações de dois contrabaixos da Telarc, do baixista Ray Brown, que são ótimas, pois se os harmônicos dos dois instrumentos parecerem ser um instrumento só, e não se trata de uma deficiência da caixa, o amaciamento dos graves ainda não chegou lá.

E foi exatamente o que ocorreu nesse caso, e o que nos fez colocá-la por mais 100 horas para os woofers se soltarem por completo. Dito e feito, com duzentas horas os dois baixos puderam mostrar seus solos sem tudo soar como um baixo só e com baixa inteligibilidade. Pudemos então ouvir a EVO 4.4 e todas as 80 faixas de nossa Metodologia.

Seu equilíbrio tonal é muito correto, e o mais interessante é que não chama a atenção para a caixa, jogando luz onde não existe, ou adicionando ‘testosterona sonora’ nos graves.

Então o que teremos é o que a fonte entrega, assim como a eletrônica. E isso é bom? Na minha opinião é excelente, por esse preço.

A região média é absolutamente transparente na medida certa e seu casamento tanto com o médio/grave como com o tweeter é muito bem feito. Realmente os engenheiros entregaram o que prometeram!

O soundstage, em termos de 3D é excelente, mas para esse resultado será preciso, paciência no ajuste fino do posicionamento, sendo criterioso em manter o mínimo de 2 m entre as caixas para um palco coerente e coeso sem lacunas, e respiro de pelo menos 60 cm das paredes laterais, e da parede às costas ao menos os mesmos 60 cm.

Mas não pense que pelo duto ser para baixo, você vai poder encostar as caixas na parede, pois se você o fizer, os graves vão embolar.

A largura e altura de palco são maiores que a profundidade, mas com jeito e pouco toe-in (na nossa sala gostamos mais delas com apenas 15 graus), música clássica teve foco e recorte suficientes para uma orquestra sinfônica soar com um respiro decente entre os naipes da orquestra.

Com um equilíbrio tonal tão correto, obviamente as texturas serão muito favorecidas. E com um médio com tanta transparência e detalhamento, as intencionalidades foram de caixas custando o dobro da EVO 4.4.

Se você é um fã incondicional como eu de texturas, mas o orçamento é justo, meu amigo ouça essa caixa, - ela pode te surpreender com o grau de refinamento com que as texturas são apresentadas.

Outro ponto alto delas é sua resposta de transientes. A pulsação de tempo e ritmo, além de correta, possui uma precisão de caixas muito mais caras. Nosso maior exemplo desse quesito é a faixa 5 do disco Canto das Águas do André Geraissati - é osso duro de reproduzir, pois muitas vezes um vacilo na precisão dos transientes e o resultado é uma apresentação confusa do tempo e andamento.

A Evo 4.4 não vacilou uma só nota em mostrar a progressão e variação de tempo e a precisão na digitação das notas. Perfeito! Não tenho dúvida que grande parte desse mérito é do falante de 2 polegadas de domo de seda de médio dessa caixa.

A micro dinâmica é do mesmo nível dos transientes, e a macro surpreende pela capacidade de nos dar deslocamento de ar e peso sem a caixa perder o fôlego ou clipar. Falo de volumes corretos, é claro. Mas a Wharfedale EVO 4.4 não se omite em mostrar com a cabeça erguida as variações em detalhes do pianíssimo ao fortíssimo.

Os melhores exemplos para mim ainda continuam sendo: Concerto para Piano & Orquestra de Bartok, Sagração da Primavera de Stravinsky, e Sinfonia Fantástica de Berlioz.

Certamente cada leitor tem suas gravações preferidas para esse quesito, mas eu utilizo essas três para o fechamento de nota, pelas peculiaridades de cada uma dessas obras, pois elas mostram formas diferentes de se atingir o ‘clímax musical’ de maneiras muito distintas, e todas com um grau de criatividade e técnica musical exuberante.

O corpo harmônico na Wharfedale Evo 4.4 se não é o ideal, está muito próximo dele. O que falta então? Na minha opinião é muito mais uma limitação física da caixa pelo seu tamanho, do que outra coisa. Pois na Elysium 4, este quesito foi retratado com um grau de realismo impressionante. E como a EVO 4.4 tem muitas semelhanças com a série acima, acho que se um dia a Wharfedale lançar uma 4.6, talvez tenhamos a resposta.

O importante é que, em termos proporcionais, a apresentação do corpo harmônico é bastante coerente, então o ouvinte não correrá o risco de ouvir uma viola e ficar na dúvida se não pode ser um cello.

Organicidade: aqui com os três integrados usados e as fontes digitais e analógicas, nas gravações primorosas a  Wharfedale Evo 4.4 não teve a menor dificuldade de materializar acontecime-nto musical. Se você é um fã de ouvir o acontecimento musical à sua frente, ela novamente entrega o que promete.

Conclusão.

Vou parecer repetitivo, mas a conclusão é a mesma das outras caixas deste fabricante que testei recentemente: como eles conseguiriam tamanho resultado custando o que custam?

Ser feito na China só responde parte da pergunta, pois o principal será sempre o grau de performance, e nesse quesito todas que testamos são referência absoluta em suas classes.

Para quem busca uma caixa de porte médio para uma sala de até 25 metros quadrados, possui um bom integrado e uma fonte de alto nível (seja CD, Streamer ou analógico), tem um gosto eclético e exige refinamento e conforto auditivo gastando o menos possível na
compra de uma caixa acústica, meu amigo, não ouvir a Wharfedale EVO 4.4 pode ser um grande erro. Tanto para o seu bolso, quanto para suas expectativas auditivas.

Pois sua musicalidade e compatibilidade com distintas eletrônicas, a colocam no topo das opções!

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ref. Clube do Áudio.
Matéria completa Edição 289
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