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Toca Disco Thorens TD 403 DD - Review Clube do Áudio

19 de junho de 2023 – Toca Discos, Reviews

Fernando Andrette.

Thorens TD 403 DD.

Nossos leitores nos pedem cada vez mais enfaticamente, que testemos toca-discos completos na faixa de até 15 mil reais. Me parece que esse é o ‘teto’ para muitos que estão tentando voltar a curtir o analógico, e desejam algo definitivo.

Assim como caixas acústicas cada vez mais impressionantes abaixo de 15 mil reais, conseguimos garimpar no mercado de toca-discos um Thorens direct-drive / Plug & play, que já vem com uma boa cápsula montada e pré ajustada, para o usuário poder rapidamente curtir seus LPs.

Em relação ao seu irmão mais modesto, o 402 que já testamos, o 403 parece realmente, até no visual, de uma classe superior, com seu novo braço e uma cápsula MM mais refinada que a do 402. Isso é bastante animador, e se o seu orçamento está nesse patamar, o 403 DD deve ser colocado em seu radar de opções.

A Thorens disponibiliza dois acabamentos: preto em verniz brilhante, e nogueira. Ambos realçam muito bem com a base de alumínio escovado e anodizado, que lhe dá um ar clássico/moderno.

A base do 403 DD é colada no gabinete de MDF através de uma fita adesiva especial, com um efeito de absorção de vibrações externas. O novo motor é parafusado sob a plataforma, e possui um torque suave e precisa, por isso mesmo, de alguns segundos para estabilizar a velocidade. Segundo o fabricante, esse novo motor é muito preciso e silencioso, mas ainda que seja um direct-drive, não será uma opção para DJs.

O eixo utiliza um pino de latão ligeiramente cônico, que sustenta a plataforma giratória. E o prato do 403 DD tem 22 milímetros de altura e pesa 1,5 kg. Objetivamente, quanto mais pesado o prato, maior a inércia e melhor precisão na velocidade.

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O botão liga/desliga fica bem na frente do braço, portanto muito cuidado, aos não habituados com o manuseio de toca-discos, para não haver risco de esbarrar na agulha.

O braço do 403 DD é o TP 150, criado pelo engenheiro Helmut Thiele, que vem desenvolvendo os novos braços da Thorens há uma década. Segundo o próprio Helmut, o TP 150 é uma homenagem ao braço EMT 929, e pode ser usado com uma centena de cápsulas,
ainda que sua massa efetiva seja de 14 gramas. Esse braço permite a troca do shell, possibilitando que o usuário troque cápsulas em questões de minutos. A forma em ‘J’ do braço minimiza o erro de ângulo de rastreamento tangencial, na leitura do sulco dos discos.

A cápsula já vem de fábrica alinhada no braço, e totalmente ajustada horizontalmente. O ajuste do VTA (altura do braço em relação ao prato), que irá determinar o ângulo da agulha no sulco do disco, pode ser facilmente verificado bastando girar o disco perfurado de aço inoxidável no bloco de rolamento, usando a chave fornecida. No caso do 403 DD enviado para teste, nem o ajuste de VTA foi necessário refazer.

Só tirei a dúvida do peso da cápsula usando uma balança digital da Ortofon.

O fabricante dá duas opções de cápsulas para o consumidor: a Ortofon 2M Blue (MM), ou a TAS 1500 (MC), feita sob especificação da própria Thorens pela Audio Technica. No nosso caso, recebemos para testes com essa primeira opção.

Verificado o peso e o ajuste fino do anti-skating, foi só colocar o tapete de borracha (que acabei alternando entre o original de fábrica e o da Origin Live) e o clamp também da Origin Live - e ele estava pronto para entrar em atividade.

Deixamos a cápsula amaciando por 20 horas, ajustamos o pré de phono Gold Note PH-1000 para cápsula MM, e o ouvimos com o pré e power da Elipson (leia Teste 1 nesta edição), com o integrado Audiolab 6000 e com as seguintes caixas: Audiovector QR 5 (leia Teste 2 nesta edição), Harbeth 30.2 DHX, Wharfedale Linton 85 Anos, e Estelon X Diamond Mk2.

O Thorens 403 DD irá surpreender muitos audiófilos que já ouviram bons toca-discos de entrada, e não se convenceram que valia esse investimento para voltar a ouvir analógico. O que ficou evidente é que ele pode render até mais do que com as opções de cápsulas que o fabricante oferece. No entanto, já com a cápsula enviada foi possível observar como sua leitura é bastante segura, precisa e convincente.

O equilíbrio tonal dessa cápsula Ortofon, trabalha muito bem em conjunto com o braço, permitindo graves com muita energia, peso e definição. Esqueça aquele grave ‘gordo’, lento e sujo das cápsulas dos tristes anos de reserva de mercado da Leson, ou mesmo as antigas cápsulas dos anos 70, de entrada. O grave aqui é ágil, ritmado e contagiante.

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Ouvi alguns LPs de rock progressivo do Gentle Giant, Genesis e Yes, e fiquei surpreso com o recorte e peso dos bumbos e do contrabaixo Rickenbacker RM 1999 do Chris Squire, no The Yes Album.

Já na primeira faixa do disco - Yours Is No Disgrace, deu para perceber que o 403 DD, com uma simples mas correta cápsula de entrada, tinha enorme pedigree, de toca-discos de nível intermediário e não de entrada.

A mesma surpresa no Genesis - Live, uma gravação complicada, mal captada e sofrivelmente mixada, que se o equilíbrio tonal do conjunto cápsula /braço não for bom, se torna inaudível.

A região média, além de correta, não comete o erro de ser proeminente na tentativa de disfarçar limitações nas duas pontas (algo muito frequente em cápsulas MM de entrada). Julgo aqui, mais uma vez, esse mérito ter que ser repartido com o excelente braço!

E os agudos, ainda que não possuam nem a extensão e o refinamento das cápsulas intermediárias MC, não fazem feio. Pois possuem arejamento e decaimento honesto.

O que você precisa saber meu amigo, é que o 403 DD pode saltar de nível de performance, subindo de patamar, desde que você possua um setup analógico para tanto.

O que o 403 DD oferece, de saída, é um nível de performance que você não terá em toca-discos na faixa até 10 mil reais. Então, se você possui uma coleção de discos bem conservados, e deseja o movimento definitivo, faça esse esforço e junte a diferença e ouça
o Thorens 403 DD.

Com a cápsula que veio, o soundstage tem bom foco, recorte e boa lateralidade e altura. Faltando melhor ambiência (consequência direta da extensão no agudo da cápsula), e maior profundidade. Não que uma orquestra vá soar como se todos os músicos estivessem empilhados uns sobre os outros em um elevador. Mas aquela folga e arejamento, que nos permite ouvir os solistas sem perder o todo, será mais complicada de ouvir. Isso se você curte grandes obras musicais clássicas. 

Se sua praia for pequenos grupos, nem se preocupe com esse detalhe.

Os transientes na marcação de tempo e ritmo são exemplares para uma cápsula de entrada. Gostei muito, principalmente ouvindo rock e trios de jazz (piano, baixo e bateria).

As texturas são corretas, graças ao bom equilíbrio tonal da cápsula. Pode melhorar? Óbvio que pode, mas para isso será preciso investir em uma 2M Black por exemplo (ou se o seu pré de phono permitir cápsulas MC, uma Hana ML).

Aí, meu amigo, tenha a certeza que o 403 DD subirá exponencialmente de patamar!

Uma vez, no corredor de um Hi End Show, ouvi a seguinte discussão entre 4 jovens audiófilos, a respeito de quem reproduzia melhor a macrodinâmica, o digital ou o analógico. E percebi que o placar estava 3 x 1 já que a maioria com enorme veemência defendeu que
o digital é muito superior na resposta de macrodinâmica. Me chamaram, e eu para me desvencilhar do enrosco, os convidei para a apresentação em nossa sala à noite, de uma playlist com analógico e digital.

E separei o Firebird, do Stravinsky, da gravadora Telarc - que tenho versões em LP, SACD e CD. E coloquei um trecho com enorme variação dinâmica, logo na entrada. Claro que comecei pelo mais contido em termos de macrodinâmica (vocês já adivinharam?). E fiquei olhando para os quatro que estavam bem à frente na sala.

Os três orgulhosos com a resposta do sistema, ao reproduzir a faixa no SACD, estufaram o peito para se declararem vitoriosos. Foi quando coloquei o LP. Dois dos três defensores do digital quase pularam da cadeira ao ouvir o LP. Aí foi a vez do defensor do analógico encher o peito e dizer bem alto: “Eu não disse?”.

Gosto de fechar a nota com analógico exatamente com esse LP do Firebird, pois a gravação é excepcional e nos permite ter uma ideia clara do nível deste quesito, na avaliação de TDs, cápsulas, braços e prés de phono!

A limitação aqui, mais uma vez, foi da cápsula. Ainda assim, o peso, deslocamento de ar, crescendos e sustentação, deixam muito CD-Player e DAC de 5 a 8 mil dólares em apuros.

Assim como no quesito textura, a microdinâmica de cápsulas de entrada MM são menos precisas, mas nada que comprometa ouvir as informações musicais escritas em pianíssimo na partitura.

O corpo harmônico de qualquer cápsula MM, desde as mais singelas às mais sofisticadas, sempre foram excelentes em reproduzir o corpo dos instrumentos. Costumo lembrar aos nossos leitores que fomos salvos de ter que engolir a primeira safra de Players digitais, graças ao corpo harmônico das cápsulas MM, que deixaram escancarado o quanto era pobre e anoréxico o corpo de todas as gravações digitais da época.

Pois se as cápsulas MM não tivessem essa virtude, certamente muitos audiófilos menos experientes e com pouca referência de música ao vivo não amplificada, teriam aceitado goela abaixo, aquela imagem sonora de música clássica do tamanho de pizza brotinho.

Ouvi, para fechar a nota deste quesito do 403 DD, gravações da Billie Holiday, Miles Davis, Bill Evans, Duke Ellington e Sinatra, e o corpo harmônico está lá, fidedigno como foi gravado!

Com esse conjunto de qualidades, é natural que a sensação de materialização física se faça à nossa frente, ainda que com uma cápsula mais de entrada. Essa é a magia do analógico, nos remeter, graças ao corpo harmônico, à macro dinâmica e ao correto equilíbrio tonal, à música ao vivo.

Pois o acontecimento musical não é reproduzido de forma mesquinha e contida. Permitindo ao nosso cérebro reconhecer que existe um maior paralelismo ao que sentimos e observamos quando ouvimos música não amplificada.

Conclusão.

Qual a única razão de uma revista especializada? Informar ao público interessado o que de melhor temos no mercado.

E como fazer isso de forma objetiva? Tendo Metodologia, Referência e, sobretudo, experiência.

Poder compartilhar com vocês todos os meses de produtos que estão chegando ao mercado e cabem no orçamento, ainda que tenhamos que fazer apertos e escolhas para realizar esse sonho, é a parte mais legal desse nosso trabalho.

O que posso reiteradamente dizer a vocês é que, nos nossos 27 anos de existência, esse é o momento mais auspicioso desde que voltamos à normalidade de um mercado sem reserva.

Estão chegando inúmeros novos produtos com uma relação custo/performance incrível. E quando digo incrível, não estou me referindo apenas ao produto ser correto e de valor menor. Falo do melômano e audiófilo terem a chance de montar um sistema hi-end definitivo! Com o qual, bem casado em uma sala dignamente ajustada acusticamente, ele irá se emocionar com o resultado.

O Thorens TD 403 DD tem um enorme espectro de crescimento, podendo começar já soando honesto pelo pacote oferecido de fábrica, e que pode crescer muito através de upgrades pontuais na cápsula, pré de phono, etc.

Feito por um fabricante que tem uma belíssima história no mercado hi-end, e que parece ter entendido perfeitamente o que o novo consumidor espera de produtos de áudio de alta qualidade.

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ref. Clube do áudio
Edição 296
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