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Amplificador Integrado Quad VA-ONE - Review Clube do Áudio

13 de outubro de 2022 – Reviews

Fernando Andrette.

Amplificador Integrado Quad VA-ONE.

A Quad é uma daquelas fabricantes de produtos de áudio que todo audiófilo deveria conhecer, seja pela qualidade de seus produtos ou pela história de superação e bravura que fizeram dela uma das marcas mais admiradas no mundo do áudio.

A história da marca é tão surpreendente que é quase impossível falar sobre algum produto sem antes fazer pelo menos um pequeno apanhado de suas realizações no mundo do áudio de alta fidelidade.

A Quad foi fundada no ano de 1936, na cidade de Londres, por Peter James Walker, e inicialmente se chamava SP Fidelity Sound System, mas logo foi rebatizada de Acoustical Manufacturing Co. Durante a Segunda Guerra Mundial teve suas instalações destruídas por bombardeios, então mudaram sua matriz para Huntingdon. E só depois de alguns anos passou a se chamar Quad Electroacoustics. O acrônimo “QUAD” significa Quality Unit Amplifier Domestic, ou “Unidade amplificadora doméstica de qualidade”.

Desde seu nascimento, a Quad adota uma postura corajosa, apostando no desenvolvimento de tecnologias proprietárias bastante complexas e desafiadoras, por assim dizer. Algumas deram muito certo, como os famosos amplificadores Quad II e o alto-falante eletrostático quádruplo “Walker’s Wonder”, este último permanecendo em produção por mais de vinte anos! Foi substituído por outro grande sucesso, o ESL 63. Em 2012, atualizado para uma versão mais moderna, a ESL 2912, e para a versão menor, ESL 2812.

Foi com este espírito inovador e desprendido de rótulos que, no ano de 1967, a Quad se aventurou na fabricação de amplificadores transistorizados, lançando o modelo 33 Unit e o amplificador 303, um marco na indústria do áudio de alta fidelidade.

Em 1997, a empresa passou a ser controlada pelo grupo “IAG” (International Audio Group), o mesmo que também controla outras empresas de áudio como a Wharfedale, Mission e a Audiolab.

O amplificador integrado valvulado VA-One da Quad é uma mistura moderna da sonoridade dos projetos valvulados com o jeito inteligente que ela, a Quad, tem de encontrar soluções aparentemente simples, porém inovadoras, misturando novas tecnologias de uma maneira suave, precisa e consistente. Bem ao estilo de seu fundador.

Com o Quad VA-One só se têm benefícios. Um gabinete compacto muito fácil de acomodar em qualquer rack (desde que o nicho possua espaço suficiente para que as válvulas “respirem”), o apelo visual e o charme que só as válvulas possuem, aliado a um DAC 24-bits / 192 kHz moderno e versátil, que se beneficia bastante do maior trunfo das válvulas: o som quente e aveludado que muitas vezes falta aos sistemas digitais.

O Quad VA-One pode parecer fofinho, bonitinho e pequenino, mas não se engane: ele é simples e direto ao ponto, sem rodeios. A intenção é oferecer um aparelho enxuto contendo apenas o essencial, como nos pequenos frascos dos melhores perfumes.

amplificador-integrado-quad-va-one

Na parte de cima do chassi se encontram as válvulas, protegidas por uma gaiola removível. São elas: ECC83 para a seção de pré-amplificação, empurrando duas ECC82 no estágio do driver e do divisor de fase, e dois pares de EL84 em push-pull para a sessão de amplificação, produzindo 15 Watts por canal em 6 Ohms e 12 Watts em 8, com resposta de frequência de 20 Hz à 50 kHz (a -3 dB). A distorção harmônica total é de 0,5% e a relação sinal-ruído é de 90 dB. A impedância de entrada de 50 kOhms e o peso total do amplificador é de 10,8 kg.

Já na parte frontal do aparelho encontra-se o grande botão de volume com escala de zero a dez, um botão para o Bluetooth (com aptX), um botão AUX que seleciona a entrada analógica, um botão Digital In para as entradas digitais, e uma saída para fone de ouvido de 6.3 mm.

Na parte traseira encontramos a chave liga/desliga, logo acima da entrada IEC, um entrada para a antena do Bluetooth, e um par de terminais de caixa que, por falta de espaço, aconselho utilizar apenas cabos com terminação Banana. Na parte digital temos uma entrada USB tipo B, que dispensa a instalação de software, uma entrada coaxial digital e uma óptica, além de uma entrada RCA analógica.

O controle remoto cabe na palma da mão e tem boa pegada, tendo apenas o necessário: botão de standby, volume, seleção de entradas e mute.

Áudio.

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos: CD-Player e transporte Luxman D-06. Caixas acústicas Dynaudio Focus 260 MkII, Dynaudio Emit M30, Dynaudio X14, Pioneer SP-FS52 By Andrew Jones, e Q Acoustics 3020i. Cabos de força Transparent MM2,
Sunrise Lab Reference (modelo anterior). Cabos de interconexão Sunrise Lab Premium RCA, Sunrise Lab Reference Magic Scope RCA, Emotiva MUSB 2.0-2 LengthUSB, Curious USB. Cabos de caixa Sunrise Lab Quintessense Magic Scope e Reference (modelo anterior).

Por se tratar de um valvulado, é natural começar as audições com voz feminina, e a pedida é Natalie Merchant, disco Texas, faixa 3. Mesmo sem amaciamento, a voz feminina soa equilibrada, quente e aveludada. Apenas as extensões dos graves e agudos que soam escuras e pouco resolutivas.

Após o amaciamento de 280 horas, o que chamava atenção neste amplificador é que ele não é letárgico nem cheio de “gordurinhas” ou colorações em excesso, percebidas em projetos de valvulados antigos, por exemplo. Isto é uma coisa muito boa, pois mostra que este é um projeto novo, feito para atender o audiófilo e melômano moderno, que hoje procura mais informação nas músicas que anos atrás.

Seu som tem um raro equilíbrio entre calor e transparência, que vez ou outra me lembrava um Luxman, o que me encorajou a colocar o disco da Dee Dee Bridgewater, Live at Yoshi’s, faixa 2. Esta faixa exige do amplificador um bom nível de refinamento, pois o silêncio de fundo que ela pede, no começo da faixa, é fundamental para o entendimento das nuances do pandeiro e da atmosfera que o grupo tenta criar para a platéia. No meio da faixa, a voz desta bela cantora dá algumas “rasgadas”, que desequilibra a voz quando o amplificador é pouco refinado.

E é aí que a válvula dá aquele toque todo especial, na região média e médio-alta, suavizando todo o estresse que as cordas vocais da Dee Dee sofrem naquele momento. Todos os instrumentos têm seu próprio espaço e proporções corretas no imaginário palco sonoro, o piano não fica apagado e muito menos fica o contrabaixo acústico, que mostra timbre e extensão maravilhosos.

No solo de piano, novamente o silêncio de fundo se mostra, muito importante, mostrando micro-dinâmicas suaves, rápidas e expressivas, em especial na voz da Dee Dee que fica cantarolando o solo do piano sem invadir o espaço do instrumento, em completo êxtase!

A extensão dos agudos é boa, falta um pouco no extremo agudo, característica das válvulas, mas nada que coloque em perigo o desempenho do aparelho na composição dos harmônicos.

Tudo o que foi observado até agora foi ouvido com as caixas Pioneer e Q Acoustics. Por que estou frisando isto? Porque houve uma situação curiosa. Eu comecei as audições com as caixas Dynaudio Excite X14, mas o som não agradava, ficava estranho... Faltava grave
e faltavam agudos, os médios soavam anasalados e o timbre soava aquém do esperado. Então mudei para a Dynaudio Emit M30 e Focus 260 MkII, só para tirar a dúvida, e de novo continuava com as mesmas características. Não era problema com a sensibilidade, pois a Emit 30 tem 86 dB e a Focus 260 tem 87 dB, dois a mais que a book X14.

Depois de bater cabeça e pensar bastante sobre o que poderia estar acontecendo, chegamos a uma teoria de que se tratava de uma incompatibilidade que não tinha a ver com a sensibilidade, mas sim com o tipo de bobina utilizada pela Dynaudio. Meu palpite - e é apenas um palpite - é de que talvez seja as bobinas da Dynaudio, que utilizam mais enrolamento que as bobinas convencionais, portanto, são mais pesadas que as bobinas de outros fabricantes.

Os amplificadores valvulados têm dificuldade em empurrar bobinas pesadas com eficiência. O resultado é um som sem pegada e com pequenas distorções e rotações de fase que prejudicam o timbre e apagam os extremos. Eu não posso afirmar que todas as Dynaudios soarão assim, mas estas três, X14, M30 e Focus 260 MkII, aqui sim. Portanto, aconselho que, quem tiver Dynaudio ou queira comprar uma para utilizar com este amplificador, que faça um teste antes para saber se há compatibilidade entre eles.

Quando voltei à Q Acoustics e à Pioneer, tudo foi para o lugar. O grave encheu, os agudos ganharam extensão e os timbres voltaram a soarem corretos. Então continuamos os testes colocando um disco do Arne Domnérus, Live is Life, faixa 11. Aqui a dinâmica está excelente, com uma pegada que não dava para acreditar que vinha de um amplificador tão pequeno de apenas 15W por canal.

Os timbres soaram maravilhosamente bem, as peles e pratos da bateria “brotavam” com extremo realismo. A cada novo ataque feito pelo baterista, o entusiasmo tomava conta e o sorriso se abria incrédulo perante o que se ouvia.

Eu me surpreendi positivamente utilizando o VA-One pelas entradas digitais. A entrada USB parte de um nível muito alto, respondendo prontamente à troca de cabos, mas infelizmente o computador não ajuda a saber seu limite.

O teste real e eficaz foi feito pela entrada coaxial digital, pois pudemos comparar com o DAC do Luxman D-06. Para minha surpresa, o DAC do VA-One tocou com extrema competência, nos mostrando todo refinamento e calor sem soar colorido demais ou sem ânimo para tocar músicas como a faixa 1 do disco Brown Street de Joe Zawinul. O susto veio quando coloca-mos um cabo digital de mais de 100 pontos nele - o salto foi gigantesco! Se aproximando ainda mais do DAC Luxman D-06.

CONCLUSÃO.

O Quad VA-ONE é um amplificador com inúmeros atrativos, e as válvulas são um deles, claro. Mas nem de longe é o melhor deste amplificador. Eu diria que é o todo: o conjunto é maravilhoso, tudo é extremamente bem pensado, não há disparidades entre a sessão valvulada e a digital. Tudo está tão integrado que esquecemos que existe amplificador na sala. Apenas fechamos os olhos e absorvemos a música sem a menor preocupação com quem está empurrando as caixas.

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ref. Clube do Áudio
Edição 248
Confira também o review Quad vena & Quad S2