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Amplificador Integrado Quad Vena & Caixa Acústica Quad S2 - Review Clube do Áudio.

23 de maio de 2022 – Amplificadores, Reviews

Fernando Andrette.

Amplificador Quad Vena e Caixa Quad S2.

O inglês Peter Walker fundou a Quad-hifi na década de 1930, na Inglaterra, mas a mesma começou a deslanchar somente no crescente mercado pós Segunda Guerra - como, aliás, aconteceu com toda a indústria de áudio de um dos berços da audiofilia moderna, o Reino Unido. Walker, venerado por um bocado de audiófilos das antigas - e alguns remanescentes que cultuam, por exemplo, os médios das caixas eletrostáticas da empresa - sempre teve idéias bastante particulares sobre áudio de qualidade, principalmente sobre amplificação, sobre a qual ele famosamente disse que “o amplificador perfeito seria um fio com ganho”, ou seja, pregava circuitos com o mínimo de interferência ou alteração, distorções, erros de fase, etc.

Claro que, até hoje, muitos projetistas de amplificadores usam, pelo menos em parte, essa e outras doutrinas boladas por Walker nos primórdios da alta-fidelidade. Mas, mais famosos que seus amplificadores, sempre foram as caixas painéis eletrostáticos da Quad-hifi - que têm adoradores e seguidores até hoje - com seus médios especiais.

Os painéis, entretanto, para audiófilos, tinham deficiências na reprodução dos extremos, levando seus mais fanáticos usuários a complementar seu uso com um super-tweeter para a extensão dos agudos e um subwoofer para a extensão dos grave. Quad-hifi, aliás, é um acrônimo, que significa “Quality Unit Amplifier Domestic”, algo como “Amplificador Doméstico de Qualidade”. Na década de 1980, Walker se aposentou, deixando a empresa sob a direção de seu filho Ross.

A Quad-hifi foi vendida, em 1995, para oVerity Group, que já possuia as tradicionais marcas inglesas de caixas acústicas Mission e Wharfedale passando toda a manufaturados produtos da empresa para a China, mas mantendo seu escritório e desenvolvimento na Inglaterra. Dois anos depois, junto com essas outras marcas, passa a fazer parte do IAG, International Audio Group, que possui também as empresas TAG McLaren Audiolab e Castle Acoustics, mantendo-se fiel ao legado de Walker ao usar o slogan “The Closest Approach to the Original Sound” (ou A Abordagem Mais Próxima do Som Original). Peter Walker, uma das lendas da audiofilia, morreu em 2003, aos 87 anos.

SOBRE AS CAIXAS ACÚSTICAS  S2

Na última década, a Quad-hifi fez excelentes e bastante procuradas caixas bookshelf, como as 11L, então não me surpreendeu a refinamento que encontrei nas S2 - isso para não falar no excelente acabamento, em todos os sentidos. Até os bornes e seus jumpers são bonitos. São um ribbon tweeter - excelente, limpíssimo, arejado e doce - e um mid-woofer de cone de kevlar de 5 polegadas, tudo em um belo e bem sólido gabinete. Acompanha um par de telas com grampos magnéticos, para aqueles que preferem proteger um pouco a frente das caixas enquanto não as estão ouvindo.

SOBRE O AMPLIFICADOR INTEGRADO VENA

Bonito, moderno e bem acabado, o Amplificador Quad Vena é o típico amplificador de entrada atual em suas funcionalidades: potência mediana (Classe AB, 45 W em 8 Ohms), entradas digitais que incluem USB, DAC interno de boa qualidade (Crystal CS439824-bit/192 kHz), saída para fones de ouvido e um design que incorpora bem na decoração sem chamar indevida atenção.

SETUP & COMPATIBILIDADE

As caixas precisaram de um pouco mais de trabalho no setup. Primeiro porque bookshelfs são notórias por seu grave limitado - simplesmente por causa de seu tamanho - então é bem mais crítico o posicionamento das caixas na sala para se tirar o melhor grave sem comprometer outras coisas, como corpo e palco. Na minha sala, costumo deixar as books perto das paredes laterais, ganhando um reforço de graves - essa maneira, porém, não privilegia o corpo, apesar do palco grande e descongestionado.

O fato é que, ao se avaliar um equipamento, é necessário usar de metodologia e referência. A posição na qual eu pus as S2 foi a mesma (com pequenas variações e vários ajustes como o de toe-in, por exemplo) que usei com todas as books que analisei estes anos todos. Então eu sei, comparativamente, várias coisas sobre as caixas e sua interação com a sala. Poderia por as caixas S2 mais juntas e, assim, obter melhor energia e corpo das mesmas? Sim, mas desequilibraria outras coisas, como os graves mais baixos, o arejamento e descongestionamento do palco, etc e tal. No setup das caixas S2 acabei por descobrir também que as mesmas são as mais sensíveis que eu já vi à mudança dos jumpers.

As S2 tem uma tremenda ambiência e arejamento e profundidade,que com a troca dos ferrinhos originais pelos meus jumpers usuais de cobre OFC, acabei descobrindo que houve uma troca sonora: melhorei corpo harmônico e peso dos graves, perdi em ambiência e profundidade. Fiquei encafifado com isso, e a única conclusão na qual cheguei foi em relação ao corte alto de crossover das S2 (3kHz), mostrando que uma parte do arejamento e naturalidade da caixa vinham do mid-woofer e eram parte integral da sonoridade dada pelos ferrinhos, os jumpers originais. Isso tudo pode significar um monte de coisas: ou que a caixa realmente foi feita tendo como idéia mais transparência geral do que a eficiência dos graves, ou o grave vai desabrochar ‘do nada’ um dia, depois de 500 ou 1000 horas de uso (!).

Enfim, o fato é que o som é muito bonito com o jumpers originais, principalmente nos agudos, com uma leve tendência a médios nervosos. Acredito que as S2 não são daquelas books que funcionam bem em salas médias, acho que ela foi feita para salas pequenas mesmo, onde é preciso tem um extremo cuidado com o posicionamento das mesmas e deve-se tratar o resto do setup de cabos e afins de maneira a domar todo o resto e pode-se, então, usufruir dos belos médios-agudos e agudos. Outra coisa: as S2 demandam amplificação forte, com bom controle de graves, senão sofrem também de falta de pegada.

Amplificador Quad Vena é bastante óbvio em seu setup, com um DAC interno de qualidade que soou um pouco mais brilhante que a minha referência Luxman D-06, mas também com um pouco menos de corpo harmônico - mas nada que atrapalhasse ou incomodasse a audição. Deve-se, claro, utilizá-lo com um computador como transporte, conectado no USB - mas ele dá excelentes resultados fora do DAC também. Gostaria de ter testado a opção de conexão Bluetooth que vem com o protocolo aptX, que permite transmitir áudio via Bluetooth com qualidade de CD (16-44), mas não tive à mão nenhum equipamento que transmitisse no protocolo aptX.

Quanto a cabos, o Vena ll reagiu bem à cabos de interconexão, mas desandou um pouco com cabos de força de nível mais alto, que é o comum em amplificadores dessa categoria. Me irritou um pouco que a leitura do painel em um local mais escuro, mais na penumbra - assim é impossível. Assim como, à distância, não é possível saber em que posição o botão de volume motorizado está. Tirando isso, a utilização é, como poderia se dizer, moleza. O Vena ll acabou, como é costumeiro com amplificadores de entrada, reagindo melhor, mais coerentemente, com o Sunrise Lab Reference como cabo de força.

         SISTEMA Amplificador Quad Vena e Caixa Quad S2.

O Amplificador Quad Vena chegou já com algumas horas de uso, mas deixei tocar por alguns dias para ter certeza. Já as caixas S2 vieram lacradas, então o amaciamento foi mais longo, mas nada fora do comum, provendo um som interessante logo que saíram da embalagem - o que torna o período de amaciamento bem mais agradável. Durante todos os testes, como referência, foi usado o amplificador integrado Sunrise Lab V8 MkIII e o SA CD-Player Luxman D-06 - este também como transporte ligado no DAC do Vena. As caixas foram as bookshelf Konforti Audio Aleph e as torres Dynaudio Focus 220 II “BySunriseLab”. Os cabos de força, interconexão e digital foram Sunrise Lab linha Reference, assim como também usei cabos de força Transparent PowerLink MM2 e MM2x, além dos cabos de caixa Transparent Reference XL MM2

COMO TOCAM AS CAIXAS S2

Quanto ao equilíbrio tonal, as S2 tem timbre mais do que excelente, boa extensão de graves, incrível extensão de agudos (graças ao tweeter tipo ribbon), com um médio com uma leve tendência a endurecer quando se abre muito o volume.

No caminho do equilíbrio está, entretanto, graves mais magros e com menos pegada, resultando em uma caixa que vai dar o seu melhor somente em salas pequenas, mesmo em comparação com outras caixas bookshelf modernas. Em gravações de rock, como a excelente, pesada e dinâmica Polytown (CMP Records), do baterista Terry Bozzio, baixista Mick Karn e guitarrista David Torn, falta o deslocamento e a pegada inerente à seu gênero musical.

Depois de encontrada a melhor posição de toe-in das S2 - cuja dispersão do tweeter difere bastante de outras caixas - é possível perceber um palco fenomenal em matéria de arejamento, ambiência, organicidade, naturalidade. É um dos tweeters ribbon que eu mais gostei de ouvir até hoje. Em uma gravação de rock multipista, como é Sylvian & Fripp em Damages Live (DGM), o descongestionamento do palco é fenomenal, trazendo um relaxamento e organicidade palpáveis.

Em parte também por causa do tweeter tipo ribbon, as texturas das S2 são maravilhosas, aveludadas. O ar saindo da flauta de bambu, junto com o som da própria flauta, em Asian Roots (Denon) do grupo de percussão japonês TakéDaké com o flautista Neptune, é um dos mais realistas, mais naturais que eu já ouvi. Outro dos dois pontos altos das Quad S2 são os transientes.

Percussões, como no disco citado acima, o Asian Roots (Denon) ficam sensacionais - é a velocidade do ribbon, de novo. Gostei muito de ouvir a guitarra palhetada de Andy Summers em Green Chimneys (RCA), onde dá praticamente dá para contar as cordas que ele toca, o número de palhetadas, de tão preciso. Um dos pontos baixos é a dinâmica.

Quad S2 aguentam um caminhão de potência (para uma bookshelf) e exigem a tal potência para ‘andarem’. Mesmo com um amplificador forte empurrando, em gravações como Breakfast in the Field (Windham Hill) do violonista americano Michael Hedges, apesar dos bons transientes, do bom ataque, falta pegada, dando uma sensação de complacência, levando você a abrir mais o amplificador sem conseguir chegar lá.

Amplificador integrado Vena - Caixa Quad s2

Na era atual, penso que seria interessante que todos os equipamentos soassem com bom corpo harmônico - e, na falta de corpos completamente corretos e realistas, que tivessem corpos até um pouco turbinados mesmo, pois isso causaria melhor conexão do ouvinte com o acontecimento musical. Acho que esse é o maior pecado das Quad S2, de dar ênfase na transparência em vez de no corpo harmônico, que não soa nem errado, e nem grande, na verdade. Uma gravação com som bem cheio, que mostra claramente isso, é Life, Love & The Blues (Private Music) da cantora americana Etta James.

COMO TOCA O AMPLIFICADOR VENA

Na sua categoria de amplificação, o Amplificador Quad Vena tem um equilíbrio tonal muito bom, quente, musical e agradável, com um timbre bem decente, com extensão decente em ambos extremos. Falta, eu diria, um recorte e um brilho extra - mas dessa falta, a do brilho, existe comumente em excesso em muitos sistemas de entrada: pedindo para serem domados! Esse brilho traria um conexão maior com o acontecimento musical em L’Histoire du Soldat (Reference Recordings), por exemplo, obra de câmara do compositor russo Igor Stravinsky, tocada pelo Chicago Pro Musica.

O palco do Venatraz uma apresentação imediatista, intimista, com poucos planos. Isso, junto com a falta de brilho, de recorte, citada acima, não funciona bem com música clássica, afastando um pouco o ouvinte do palco. Já em jazz, onde o acontecimento musical é naturalmente mais intimista, funciona bem. Aqui acabei matando a saudade de um disco emblemático: Time Out (Columbia) do Dave Brubeck Quartet.

Eu diria que, na vontade de fazer um amplificador de som suave eagradável, que é o Vena, a Quad acabou por deixar as texturas um pouco difusas, então cordas de uma orquestra, por exemplo, soam realmente difusas. Em jazz, vozes ou instrumentos solo - acústicos, claro - o Vena se sai um pouco melhor nas texturas, principalmente em médios-agudos e agudos, como no ar da voz e nos barulhos de boca em All For You (Impulse) da cantora de jazz Diana Krall. Os transientes do Vena são honestos, com bons ataques, bastante limpos, passando bem a intencionalidade, como a bateria de Joe Morello, de novo em Time Out (Columbia), do Dave Brubeck Quartet.

Quanto à dinâmica, empurra bem caixas mais fáceis - ou, talvez, menos limítrofes - com mais folga, para as quais os 45W do Vena são mais que suficientes. Fui sacana no teste de dinâmica e pus 1812 (Telarc) do compositor russo Piotr Tchaikovsky, na versão com os dois côros completos, com a Cincinnati Pops Orchestra sob regência de Erich Kunzel.

Claro que, sendo essa uma das gravações com maior dinâmica que eu conheço, o Vena não fez feio apesar de chegar a endurecer um pouco, mas também não deu para trás na maior parte da obra e nem fez micro-dinâmica feia nos momentos mais complexos. O corpo harmônico do Vena é outra coisa que funciona bem em alguns tipos de música. Reproduzir música que é menos intimista, que é gravada mais longe do microfone, não é o forte do Vena. Já aqui, os corpos harmônicos ficam muito bons com música mais intimista, mais “próxima” do ouvinte, como a faixa ‘Gee Baby, Ain’t I Good to You’, do disco All For You (Impulse) da Diana Krall.

CONCLUSÃO

As caixas Quad S2 soam lindamente, transparentes sem nunca se imporem ou ofenderem, sendo ideais para salas pequenas, reproduzindo conjuntos de jazz e de música de câmara, principalmente. Não esquecer que imploram por amplificações fortes que tenham controle, e que são um bocado críticas de posicionamento.
O   Amplificador Quad Vena é uma excelente opção dentre os amplificadores integrados de entrada, com um DAC interno muito honesto, boas funções e bom sortimento de entradas e saídas, além de um bonito, moderno e sóbrio visual.

A sonoridade do Vena ll tende para o intimista, com corpo harmônico decente, e ele toca bonito com as caixas Quad S2 com belos médios e texturas legais - mas sua potência e refinamento não estão no mesmo nível das caixas e não realizam o potencial delas. Quem quer tirar a melhor transparência e pegada das caixas Quad-hifi , devem fazer um upgrade de amplificação com maior potência, corpo e com autoridade e controle. E quem gosta do timbre e da musicalidade, e das funcionalidades, do  Amplificador Quad Vena, deve casá-lo com caixas de performance menos exigente. E ambos serem felizes ouvindo boa música!

Especificações amplificador quad vena

                Especificações caixa acústica quad s2

 

Amplifcador Quad Venna ll

Nota referência - amplificador Quad Venna - Caixa acústica Quad S2

ref. Edição 226 - Melhores do ano
Clube do Áudio