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Fone Grado Reference RS2X - Review Clube do Áudio

15 de setembro de 2022 – Reviews

Fernando Andrette.

Fone Grado Reference RS2X.

Acredito que muitas vezes, para o nosso leitor que começa a se interessar por áudio com um padrão de qualidade hi-end, os valores dos produtos testados assustem, e muitos se sintam desestimulados a tentar seguir por esse caminho.

Afinal, gastar quase 5 mil reais em um fone de ouvido está fora da realidade de grande parte dos amantes de fones. Lá atrás, no início da Áudio & Vídeo Magazine (quando ela ainda se chamava Clube do Áudio), a mesma indignação tomou conta dos nossos primeiros leitores, fazendo que a publicação ganhasse o pejorativo conceito de ‘elitista’. Se passaram 26 anos, e aqui estamos, tentando mostrar que para os que amam a música, e buscam em suas audições extrair o maior proveito possível, não existe outro caminho.

E o ouvinte só precisa ter um contato com essa ‘realidade sonora’, para entender o que estamos falando. E quando falamos de fones de ouvido, existe uma questão ainda mais crucial: preservar sua audição. Para atenuar a desconfiança que muitos carregam, por puro desconhecimento, sempre lembramos que um fone de ouvido de excelente padrão de construção e performance, será um investimento para muitos anos, e não um fone de plástico descartável depois de um ano de uso.

E que, com as facilidades de pagamento em 10 ou 12 vezes sem juros, é um investimento que pode sim ser feito, com enormes benefícios em termos de prazer auditivo e de preservação de nossa audição.

Já testamos diversos fones deste conceituado fabricante, com sede no Brooklyn desde sua fundação, e que tem uma legião de fãs audiófilos e melômanos espalhados pelo planeta. A série Reference é a linha intermediária entre os fones de entrada da linha Prestige, e a linha top Statement.

E o novo RS2x é a atualização do consagrado RS2. Segundo o fabricante, a geração X inclui novos drives, com uma carcaça híbrida de bordo com a infusão de cânhamo, com o objetivo de propiciar uma assinatura sônica ainda mais equilibrada e natural, e maior conforto auditivo, por ser uma madeira mais leve. 

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Como todo fone deste fabricante, trata-se de um design aberto, com suas vantagens e desvantagens. A grande vantagem é que os fones abertos fornecem uma sensação psicoacústica de maior ambiência, e o som não fica no meio de sua cabeça, tendo um pouco
mais de arejamento. E, em boas gravações, permitindo que tenhamos a sensação que elas soam à nossa frente, e não dentro de nossa cabeça.

A desvantagem é que as pessoas à sua volta também participarão da sua audição, o que pode ser bastante irritante para elas. Comparado à linha Prestige, que conheço tão bem, já que sou um usuário há anos de um SR325e, o conforto auditivo do Reference RS2x é um bálsamo à cabeça e aos ouvidos, pois são extremamente mais leves, e se encaixam muito melhor, permitindo (no meu caso), mais horas de audição sem fadiga auditiva!

O RS2x vem com almofadas de espuma que se adaptam bem em volta da orelha, e o sistema de suspensão do aro do fone faz com que a pressão seja melhor distribuída na cabeça, para que nossos movimentos não sejam prejudicados quando estivermos em movimento.

O aro possui um acabamento de couro com costura reforçada, que mostra na prática o padrão de qualidade de construção dessa série, e que o produto foi feito para durar décadas!
Pessoalmente, minha única restrição a todos os fones Grados continua sendo a escolha dos cabos, que são grossos e difíceis de manusear - tenho esperança que com a chegada da terceira geração a empresa, seja em breve solucionada essa questão.

Afinal, cabos evoluíram tanto, que não vejo sentido um fone tão leve como o RS2x usar um cabo com uma bitola tão larga e pouco maleável. Ainda que tenha que admitir que este novo cabo é anos luz superior, e melhor que o do meu Prestige SR325e (esse sim um cabo mais para uso de caixa acústica do que para fone de ouvido).

Para o teste, usamos o RS2 para uma importante missão: ouvir todos os vídeos publicados no Youtube da feira de Munique, que ocorreu entre os dias 19 e 22 de maio. Trata-se da maior feira de áudio hi-end na atualidade, que este ano reuniu quase 500 expositores de mais de 40 países! Foi uma maratona de mais de 4 horas de vídeos, e o RS2x foi essencial para podermos ouvir nuances sutis de diferenças de salas e setups.

Feito esse trabalho, passamos ao teste com as nossas 80 faixas utilizadas para avaliação dos quesitos da Metodologia, e dezenas de discos de diversos gêneros para descobrirmos todas suas virtudes. Nessa parte do teste, utilizamos o amplificador de fone de ouvido do nosso pré de linha Classic da Nagra.

O RS2x é muito superior ao Prestige SR325e, um fone que gosto muito justamente por ser um fone equilibrado e que não impõe nenhum tipo de luz onde não existe. Li alguns reviews que o revisor sentiu uma ‘leve’ ênfase no agudo, em determinados momentos. Eu confesso que, para mim, os agudos se apresentaram de maneira correta, com uma excelente extensão, arejamento e um decaimento muito uniforme e correto.

Áudio.

Para tirar essa dúvida, recorri a nossa gravação do disco Lacrimae, do André Mehmari, em que temos uma captação primorosa de pratos, e o RS2x nos surpreendeu, exatamente por retratar a ambiência e o decaimento dos pratos com enorme fidelidade e equilíbrio tonal.

A região média é muito rica em detalhes, recuperação de microdinâmica, apresentação de texturas, e o detalhe mais interessante: nos dá a sensação, em diversas gravações bem feitas, que o som não está dentro de nossa cabeça, e sim um pouco à nossa frente.

O que é essencial para nos dar mais conforto auditivo! Os graves tem excelente peso, velocidade e precisão, e nos permitem manter o volume em condições seguras de audição, algo tão imprescindível para os que estão começando sua jornada na busca de fones corretos e seguros!

Os transientes são de uma beleza impressionante, nos permitindo entender as variações de tempo e andamento sem dar um nó no nosso cérebro, como no disco solo de capa cinza do baterista Vinnie Colaiuta, em que suas variações muitas vezes nos fazem deixar de entender que tempo ele está usando em um compasso, com suas subdivisões virtuosísticas.

A macrodinâmica é excelente, deixando o meu Prestige SR325e no banco de reservas! Gostei de como é possível ouvir a macro em volumes seguros, e ainda assim sentir o impacto e a intencionalidade desejada.

Conclusão.

É um fone que atenderá a todos os interessados em um excelente fone de ouvido?

Certamente que não, pois esse tipo de fone ainda não foi inventado - e não acredito que um dia venha a existir. No entanto, para os que já conhecem a marca e já possuem ou possuíram fones da série Prestige, eis uma oportunidade de saber o patamar em que se
encontra a nova série Reference.

Só posso dizer que é um salto consistente, e que se encontra muito mais perto da linha Statement como nunca ocorreu antes.

E, para você que tem curiosidade em conhecer o ‘DNA’ da Grado, também é uma ótima oportunidade de fazê-lo. Talvez até haja um estranhamento inicial, ao ouvir um fone que não se destaca por algum ‘artifício’, como colorir ou acentuar determinadas frequências
(se você só teve e se referenciou por fones com baixo equilíbrio tonal), mas à medida que você perceber o quanto ele é rico em fazer a música se tornar mais detalhada, precisa, natural e fidedigna, será difícil abrir mão dessa assinatura, eu te garanto!

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ref. Edição 285
Clube do Áudio
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