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Amplificador Streamer Quad Atera Solus Play - Review Clube do Áudio

31 de agosto de 2022 – Reviews

Fernando Andrettte.

Quad Atera Solus Play.

Quero que o amigo leitor preste muita atenção neste teste, pois ele quebrou inúmeros paradigmas que venho ressaltando há tanto tempo, e que às vezes me sinto ‘pregando no deserto’. E quais são esses paradigmas? Primeiramente: o velho problema de que produtos hi-end são caros e inacessíveis! Segundo: de que produtos compactos que oferecem um ‘pacote’ de soluções nunca oferecem tudo no mesmo nível de performance. E terceiro: que o hi-end não consegue atender ao consumidor que deseja algo bom, barato e com um design moderno e compacto.

Pois o Artera Solus Play soluciona todas essas três questões de forma criativa e muito consistente. Foi sem dúvida um dos produtos que mais nos deu prazer em ouvir e testar. E a certeza de que o hi-end está realmente se tornando acessível a todos que clamam por uma qualidade sonora com conforto auditivo, sem se preocupar em vender a ‘alma’ ao sistema financeiro.

O belo Artera Solus Play foi projetado pelo veterano engenheiro da Quad, que foi o responsável por toda a série Artera: Jan Ertner. Ele e sua equipe, ao desenvolver esta nova série, tiveram em mente atender tanto ao audiófilo que sempre admirou a marca, como também o melômano que sempre sonhou em ter um Quad, mas esbarrava no quesito ‘preço’!

No pacote, o consumidor estará levando: um pré-amplificador de linha, um power de 75 Watts classe AB (e não um classe D), um amplificador de fone de ouvido, um DAC com Streamer e, pasmem: um transporte de CD, construído sob encomenda pela JVC.
Ou seja, a Quad ainda, como eu, acredita que muitos audiófilos e melômanos não caíram no canto da sereia, e desejam manter sua coleção de discos platinados. Por isso meu enorme interesse em testar o Artera Solus Play, quando o Fernando Kawabe o colocou à disposição para teste.

No painel frontal, como de toda a série, temos uma tela circular de 2 polegadas com todos os seus controles de toque, o slot de carregamento de CD, o comando para ejetar o disco e o botão standby. Um pouco abaixo desses comandos temos a saída de fone de ouvido, e um receptor infravermelho para o controle remoto - este funcional e completo. No painel traseiro temos: duas entradas analógicas (RCA) e cinco entradas digitais, uma USB (tipo B), duas óticas e duas coaxiais.

Existe também uma saída analógica variável, caso o consumidor deseje usar um power com maior potência. E os terminais de caixa estéreo, e a entrada IEC. Tenho absoluta certeza que 100% dos consumidores utilizarão o controle remoto, pois como nele se encontra todos os comandos, o usuário não precisará ficar memorizando-os na tela de 2 polegadas.
Então mantenha sempre pilhas de reserva, para o controle remoto da Quad.

O que mais irá chamar a atenção do comprador do Artera Solus Play, de imediato, é seu peso e construção, que o colocam em um lugar no topo em matéria de produtos compactos bem feitos e bem projetados.
Se, além de mídia física, o ouvinte tiver música em seu computador, basta conectar na entrada USB e providenciar o download do driver DSD Artera Quad - é fundamental este procedimento para desbloquear gravações superiores a 24/96 PCM e compatibilizar com resoluções DSD 256.

Para o teste, utilizei o Innuos Mini Zen com fonte externa, e vários cabos USB ligados no Artera Solus Play, assim como o transporte da Nagra utilizando a entrada coaxial. Além de tocar todos os discos da Metodologia diretamente no Artera. As caixas acústicas utilizadas foram: Elipson Legacy 3210, Elac Debut Reference DFR 52 e, só por curiosidade, vi como os 75 Watts do Quad soariam na Wilson Audio Sasha DAW. Mas claro que, por uma questão de coerência, a caixa que fechou o teste do Artera, e que passamos todos os discos da Metodologia, foi a Elac. E foi um casamento exemplar!
Tanto em termos de compatibilidade, assinatura sônica e preço, claro.

O Artera veio com aproximadamente 80 horas de uso, o que ajudou muito no tempo de amaciamento, e nos permitiu desde a primeira impressão deixá-lo sempre à mão, para nos ajudar a amaciar alguns cabos USB, de força e de interconexão que estão em fase de queima. Para o fechamento de nota, utilizamos o cabo USB da Oyaide Continental 5S V2 (leia teste na edição de agosto) e o cabo de força também da Oyaide, modelo Tunami GPX-R V2.

O ideal é o consumidor deste produto ter paciência, e aguardar pelo menos 150 horas antes de sair apresentando aos amigos seu ‘novo brinquedo’, e não se esquecer de também realizar devidamente a queima do seu DAC interno por este mesmo período de tempo. Para ser bem criterioso, me pareceu que o DAC se beneficiará de mais umas 30 a 50 horas além do pré e power.

O processador do DAC do Artera é o ESS Sabre ES9018, com opção de quatro filtros e, na conversão do CD interno, somente os filtros Smooth, Wide e Fast podem ser acionados. O fabricante chama de filtro padrão o Smooth, e o descreve como uma resposta plana para areprodução de um som claro, suave e aberto. O filtro Wide é descrito com uma taxa de atenuação bem suave e um excelente domínio de tempo. O filtro Narrow é descrito como ideal para uma reprodução mais limpa, detalhada e menos ‘artificial’. E o filtro Fast - disponível apenas para fontes externas digitais - como seu nome diz, tenta deixar a resposta de transientes mais precisas, e as duas pontas com maior extensão.

Eu sinceramente sou muito descrente de todos os filtros que tive a disposição, em centenas de DACs e CD-Players testados, pois cada filtro em um determinado disco soa de forma muito distinta e, outras vezes, de forma tão sutil, que fico me perguntando se realmente se trata de um recurso tão necessário. Meu DAC atual não possui nenhum filtro, e o DS-10 da Gold Note (leia nesta edição Teste 1) possui mais de uma centena de opções de filtros (fora os que você pode personalizar) - e depois de testar por 10 dias uns 30 filtros, e ver que também cada um funcionava para um determinado disco e outro não, desisti, e acabei encerrando em teste sem utilizar nenhuma das centenas de opções. Pois o DAC soou tão bem com todos os discos, sem este recurso, que deixo para quem aprecia passar os dias descobrindo esses recursos adicionais.

Então, depois de ver as opções dadas pelo Artera Solus Play, eu fechei a nota do produto no filtro Smooth. Li nos fóruns que inúmeros usuários também preferiram este filtro, mas alguns reclamaram que o foco da imagem se tornou menos preciso. Sinceramente, não foi este o caso aqui em nossa sala com as caixas corretamente posicionadas. Pelo contrário, o foco e o recorte foram muito precisos.

Mas o que me chamou a atenção do Artera Solus Play, é como foi bem resolvido pelo fabricante a tão difícil equação entre transparência e musicalidade. Foi muito feliz em termos de resultado, pois temos um grau de envolvência com o acontecimento musical que se mostrou a escolha certa. A música está sempre em primeiro plano, e não os detalhes.

Seu equilíbrio tonal é bastante correto, com graves presentes, em corpo, extensão e energia - fazendo-nos duvidar dos seus 75 Watts. E o principal: autoridade!
A região média é quente, sedosa, com boa transparência, mas nunca de forma a fazer o detalhe se sobressair ao acontecimento musical. E os agudos, ainda que não tenham muita extensão, possuem velocidade, decaimento suave e bom corpo.
O soundstage é maior em largura e altura, do que em profundidade.

Mas nenhum problema em gravações com excelente holografia 3D, em termos os planos bem posicionados no imaginário palco sonoro. Gostei muito da apresentação das texturas (graças ao muito bom equilíbrio tonal), e a capacidade de nos apresentar as intencionalidades tanto técnicas como artísticas, nos deixando apreciar as diversas qualidades de gravações de quartetos de cordas.

Áudio.

Os transientes são corretos, com excelente apresentação de tempo e ritmo. Para os amantes de música amplificada, o Artera Solus faz excelentes apresentações neste quesito. A microdinâmica é muito boa, graças ao seu grau de transparência, e a macro é justa em mostrar os degraus dinâmicos, mas sem nenhuma pirotecnia. Se você é um adepto de coices no peito, o Artera Solus não será o parceiro certo. Mas, para todos que apreciam a música mais do que os tiros de canhão, com a caixa correta em termos de sensibilidade a macrodinâmica é muito boa.

O Corpo Harmônico foi outra grata surpresa, pois é difícil nesta faixa de preço termos um corpo tão próximo do que foi gravado. E a organicidade, nas gravações com excelente nível técnico, nos colocou os músicos à nossa frente. Essa primeira descrição aqui feita foi avaliando o DAC interno, ligado ao Transporte da Nagra com os cabos coaxiais Quintessence Aniversário da Sunrise Lab, e Virtual Reality.

A seguir, repassamos toda a Metodologia ouvindo os discos no transporte do próprio Quad. O nível de performance obviamente caiu, mas não tanto como eu imaginava que aconteceria. E a assinatura sônica (o mais importante), com o equilíbrio entre transparência e musicalidade, foi integralmente preservada.

Nesta situação acho que valerá a pena uma avaliação dos três filtros disponíveis, pois achei que as diferenças ficaram mais ‘audíveis’. Eu continuei utilizando o mesmo filtro quando usando o transporte externo, mas pode ser que muitos prefiram uma das outras opções. É uma questão de experimentação.

O que mais perdeu? Certamente esta seja a principal pergunta a se fazer. Diria que o equilíbrio tonal perdeu muito pouco (o que é excelente), mas o soundstage, principalmente nas três dimensões, tudo ficou mais apertado (ou, como um amigo percebeu, foi como se tudo tivesse sido gravado em ambientes menores e com menos reverberação).

As texturas perderam um pouco de mostrar a intencionalidade (principalmente as mais sutis). A macrodinâmica perdeu alguns degraus entre o forte e o fortíssimo, e a materialização física ficou um pouco mais difícil de enganar nosso cérebro de que os músicos estavam à nossa frente.
Claro que ninguém irá ligar o Artera Solus Play a um transporte como o nosso de Referência, mas nosso papel é ‘radiografar’ todo o potencial de um sistema que oferece um pacote de opções.

E certamente muitos também terão arquivos em alta resolução em seus computadores e um streamer externo. Então nossa conclusão é que o DAC, o pré de linha e o power do Artera Solus estão no mesmo nível de performance (o que é excelente para a sua faixa de preço) e o transporte interno de CD está uns degraus abaixo do resto. E o amplificador de fone? Surpreendentemente, está no mesmo patamar do DAC, pré de linha e power! Para o teste do amplificador de fone, utilizamos os fones: Kuba Disco (leia teste na edição da Audiofone deste mês) e o Grado SR325x.

Conclusão.

Conseguir um pacote tão homogêneo e com este padrão de performance, por menos de 18 mil reais, é um acontecimento digno de ser comemorado. Vou dizer de maneira enfática: se o seu objetivo é construir um sistema minimalista gastando, no pacote completo (sistema e um par de caixas) 25 mil reais, obrigatoriamente você terá que ouvir o Artera Solus Play com alguma boa caixa que custe até 10 mil reais.

Claro que ainda faltará o par de cabo de caixa, e um cabo de força melhor do que a Quad disponibiliza (isso se você acredita que cabo de força seja importante). O cabo de caixa Trançado da Virtual Reality será a melhor opção por menos de 1.000 reais, e o Oyaide utilizado neste teste pode ser uma ótima opção.

Este pacote todo, não chegaria a 30 mil reais! E eu lhe garanto que estará com um sistema hi-end para muitos e muitos anos. Sem restrição alguma a estilos musicais, e com enorme ‘condescendência’ com discos tecnicamente ruins!
Trata-se de uma excelente notícia em um ano tão difícil como este para a humanidade.

nota-referencia-clube-do-áudio-artera-solus-play

ref. Edição 280
Clube do Áudio